domingo, 5 de março de 2017

HAIKAI - Poemas Japoneses

Haikai é uma das formas poéticas mais conhecidas e apreciadas no mundo. De origem japonesa, valoriza a concisão e a objetividade. São pequenos poemas que expressam não só a delicada sensibilidade oriental, mas as reações humanas ao mundo que nos cercam. É a arte de dizer o máximo com o mínimo de palavras. Expressão que capta um momento de experiência, um instante em que o simples subitamente revela a sua natureza interior e nos faz olhar de novo o observado, a natureza humana, a vida…

Haikai: Origem

Originário do século 17, é um importante legado da poesia tradicional japonesa baseada na filosofia Zen Budista, brevidade e simplicidade. Estes poemas são projetados para transmitir a essência de uma experiência em um formato curto.
Os poemas têm três linhas, contendo na primeira e na última cinco caracteres japoneses (totalizando sempre cinco sílabas), e sete caracteres na segunda linha (sete sílabas), podendo ter variações nas diferentes línguas com versos mais curtos ou mais longos.

Yo no naka wa mikka minu ma ni sakura kanao “Nem sequer três dias este mundo vê passar – Cerejeira em flor!”

O haicai mais famoso de Ôshima Ryôta, descreve a curta duração da florada da cerejeira, do desabrochar até a queda das flores. Pode ser também interpretado como uma parábola da existência humana. Face à morte, o homem notará que a mais longa das vidas parecerá ter sido tão fugaz quanto às flores de cerejeira.

Em português é escrito Haicai, no Brasil, e Haiku, em Portugal.  A palavra haicai e suas variantes (haicu, haiku, haikai) derivam do japonês haikai, vocábulo composto de hai = brincadeira, gracejo e kai = harmonia, realização.
Em japonês, haikais são tradicionalmente impressos em uma única linha vertical, enquanto o haikai em Língua Portuguesa geralmente aparece em três linhas, em paralelo. Muitas vezes, há uma pintura a acompanhar o haicai ( chamada de haiga).
Haikai – Haiga

O formato tem suas raízes na renga, importante manifestação literária da cultura japonesa que remonta ao século XIII. Os versos eram escritos por vários autores, que respondiam a uma forma de “desafio elegante” entre si ao escrever.
Poemas Haikais são tão simples que podem ser escritos por crianças, mas também é o esboço de muito estudo e dedicação. Geralmente  evoca em sua narrativa a  exploração da vida, procurando criar uma imagem de algum pequeno momento, ligado à natureza de alguma forma. Apesar de muitos poemas expressarem um tom melancólico também podem manifestar  humor e diversão.
“Haijin” é o nome que se dá aos escritores desse tipo de poema, entre os mestres do século XVII estão Basho, Buson e Issa. Dentre os muitos que se destacou nesta arte, o principal haijin (ou haicaísta) foi Matsuô Bashô (1644-1694), que se dedicou a fazer do haikai uma prática espiritual. Além de ter feito milhares de seguidores, Basho, pela sua própria vontade, abriu mão de suas atividades remuneradas como crítico e instrutor para viver em recolhimento e pobreza e exercer influência sobre o desenvolvimento posterior da arte do haikai, elevando-o a uma forma de ver e de viver o mundo.

Poemas Haikais


Quantas memórias
me trazem à mente
Cerejeiras em flor

Um antigo lago em silêncio …
Um sapo pula na lagoa,
splash! Silêncio novamente.

Bashô

_______

Primeira manha
Até a minha sombra
está cheia de vigor

Issa

_______
No caminho de Shirakawa
uma rapariga vende flores
Primeiro arco-íris

Shimei

_______
Na berma do caminho
florescia uma malva
O cavalo comeu-a

Bashô

Haicaístas Brasileiros

Haikai no Brasil

O primeiro literato a divulgar o haikai no Brasil foi Afrânio Peixoto (1875-1947), em 1919, através de seu livro “Trovas Populares Brasileiras”, o poeta fixa a forma do haicai brasileiro (5-7-5). Em 1922, o haicai em sua forma poética japonesa era discutido e praticado pelos poetas da “Semana de Arte Moderna”. Oswald de Andrade o adota em Pau Brasil (1925). Waldomiro Siqueira Jr., lança em 1933 o primeiro livro de haicais no Brasil. Guimarães Rosa em 1936 recebe prêmio da Academia Brasileira de Letras com “Magma”. Na década de quarenta, Guilherme de Almeida lhe dá a forma de rima adotada por muitos outros poetas. Mas foi Millôr Fernandez que, na revista semanal “O Cruzeiro”, o popularizou, entre milhares de leitores por todo o país. Seus haicais eram seguidos por charges refinadas, e da mesma verve humorística e irônica dos primeiros modernistas:
Você pode crer

O pior cego 

É o que quer ver

Millôr Fernandes

_______

Derrete-se o gelo.
Porém se resfria a água:
Ela fria, eu ardo…
Afrânio Peixoto
_______
Silenciosamente
sem um cacarejo
a Noite põe o ovo da lua…
Mario Quintana

Fonte: wikipedia.org/wiki/Haiku

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